Moscovo aposta em <br> manobras soberanas
A Rússia recuperou em poucos dias cerca de 30 por cento dos seus activos em petróleo e gás natural, que se encontravam nas mãos de entidades norte-americanas e europeias. A operação desencadeada a par da desvalorização do rublo está a ser qualificada como «a mais incrível desde o surgimento do mercado de valores», já que, para além do resgate, ainda permitiu a obtenção de um saldo positivo de cerca de 20 mil milhões de dólares.
A compra dos activos permite ao Kremlin arrecadar as receitas das empresas de hidrocarbonetos e pode vir a antecipar uma maior erosão de divisas e ouro para manter a cotação da moeda nacional.
Entretanto, entrou em vigor, a 1 de Janeiro, a União Económica Euro-Asiática (UEE), espaço de livre comércio e circulação de 180 milhões de pessoas, liderado pela Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão, mas integrado igualmente pela Arménia e Quirguistão, que em breve poderão tornar-se membros de pleno direito.
Vladimir Putin considera que a UEE se rege pela igualdade dos seus membros, pelo pragmatismo e respeito e interesse mútuos, e pretende alargar a estrutura a outros países da região.
A Bielorrússia assume a presidência da organização em 2015, cuja sede está em Moscovo mas que tem como objectivos estabelecer um banco central em Almati, capital do Cazaquistão, e um tribunal em Minsk.
A UEE projecta igualmente vários mercados comuns, de medicamentos e química fina e energia eléctrica, por exemplo, para além de uma bolsa conjunta de combustíveis fósseis. Entre os propósitos imediatos estão o estreitamento da cooperação com a Organização de Cooperação de Xangai e o Grupo BRICS, fóruns cuja liderança cabe à Rússia em 2015.